segunda-feira, 20 de agosto de 2007

Etapa 1: Missão cumprida

(*ao som de Carruagens de Fogo, de Vangelis, versão instrumental)
Primeiro capítulo da monografia (O Fotojornalismo: Da Guerra da Criméia aos Atentados ao Metrô de Londres) entré-guê!!!
(*emoticon dando uma volta olímpica pelo blog).
Eu gostaria de dedicar esse primeiro êxito ao meu namorado querido, o Cauê, que me pentelhou quando eu quis dar migué e me fez estudar; aos meus pais, meu irmão e à minha própria pessoa que, juntos, assinamos internet a cabo em casa semana passada e nos tornamos uma família digitalmente inclusa para que eu pudesse trabalhar no TCC; aos amigos e apoiadores que freqüentam este blog e me incentivam, mesmo sem deixar comentários; aos amigos que se desdobraram para me ajudar a traduzir um texto em francês; ao professor Maringoni, que me deu dicas e um texto em francês; e, finalmente, à minha orientadora, Dani Ramos, por sempre sorrir diante das minhas molequices.
UHUUUUUUUUULLLLLLLL!
Segue uma palhinha:

1.2 – A trajetória do fotojornalismo em coberturas de guerra
Um marco importante dos primórdios do fotojornalismo foi a cobertura da Guerra da Criméia (1853-1856), entre a Rússia e uma coalizão entre a Aliança Anglo-Franco-Sarda (Reino Unido, França e Piemonte-Sardenha, na atual Itália) e o Império Turco-Otomano (atual Turquia), ameaçado pelo expansionismo russo. O conflito, que ocorreu na península da Criméia, no sul da Ucrânia (parte do território russo na época), foi o primeiro a ser coberto pela imprensa com fotografias, estas feitas pelo britânico James Robertson (1813-1888), o ítalo-britânico Felice Beato (1834?-1907?) e o britânico Roger Fenton, o primeiro a ser enviado oficialmente como repórter fotográfico (Susan Sontag, Diante da dor dos outros, Companhia das Letras, 2003) . Segundo Sontag, Fenton foi instruído a retratar a guerra de maneira positiva, evitando fotos de combatentes mortos.

Iniciada cinco anos depois, a Guerra Civil Americana (ou Guerra de Secessão, 1861-1865) ficou marcada como uma das mais fotografadas da história.
Um dos fotógrafos mais conhecidos do grupo de correspondentes que acompanhou o conflito é Mathew Brady. Suas fotos desagradaram a população estadunidense por botar por água abaixo imagem romântica da guerra.

Nos EUA, uma foto dos soldados americanos erguendo uma bandeira dos Estados Unidos no Monte Suribachi, durante a batalha de Iwo Jima (fevereiro e março de 1945), entre Japão e EUA também teve um impacto forte sobre a opinião pública, mas, nesse caso, positiva.
A imagem foi feita pelo fotógrafo da Associated Press Joe Rosenthal em 23 de fevereiro daquele ano. A mensagem de conquista, companheirismo e heroísmo que carrega foi recentemente inspiração para um filme do diretor Clint Eastwood, chamado A Conquista da Honra (Flags of our Fathers, 2006, Warner Brothers – baseado no livro de James Bradley, filho de John Bradley, um dos oficiais fotografados).
Apesar de aquela não ter sido a primeira bandeira estadunidense fincada em território japonês durante o conflito, a foto foi capa de diversos jornais, a foto de Rosenthal foi vastamente usada pelos meios de comunicação (revistas e jornais), serviram de pôster para uma campanha para angariar fundos para a guerra (Seventh War Loan drive) do governo norte-americano e lhe rendeu o prêmio Pulitzer (prêmio máximo do jornalismo) daquele ano. Até hoje, é uma das imagens mais reproduzidas na história mundial.

Na América do Sul, a Guerra do Paraguai (1864-1870, entre o país e a Tríplice Aliança, formada pelo Brasil, a Argentina e o Uruguai) é a que conta com o maior acervo fotográfico. O destaque do período, segundo André Amaral de Toral, foi o fotógrafo uruguaio Esteban Garcia, enviado pelo estúdio Bate & Cia, de Montevidéu (Uruguai) entre abril e setembro de 1866. O estúdio negociou com o governo para enviar uma equipe aos locais de batalha (apesar de a expedição não ter caráter oficial, eles receberam auxílio no transporte) e obtiveram a exclusividade da comercialização das fotos até seis meses depois do fim da guerra, o que evidencia o caráter mercadológico da cobertura. As fotos de Garcia mostram a crueza da vida de trincheira, indo desde os soldados (vivos ou mortos) até as paisagens dos campos de batalha.

“Mas a foto mais impressionante do conjunto, e de toda a guerra talvez, é a que se intitula ‘montón de cadáveres paraguayos’ e que retratou precisamente corpos ressecados de soldados mal cobertos por panos, provavelmente vítimas insepultas dos combates de 24 de maio de 1866. Esta foto e a que mostra as crianças paraguaias sobreviventes dos combates de Lomas Valentinas e Acosta-ñu, de autoria desconhecida, são, sem dúvida, os registros fotográficos mais dramáticos da violência da guerra”.

Enquanto os argentinos e uruguaios já tinham visto fotos (daguerreótipos) de “de episódios militares da conturbada vida política desses dois países entre as décadas de 1840 a 1860”, para o Brasil, as cobertura fotográfica trazia novidade. Até então, nunca se tinha visto imagens de tropas do País em combate, muito menos no exterior. Para o Paraguai, a novidade estava em ver não apenas seus soldados e aliados, mas também o inimigo. Essa extensa documentação visual do conflito marcou fundo a opinião pública em relação à guerra. Toral resume o papel da fotografia na guerra da seguinte forma:

'Muitos registros, de retratos a paisagens, feitos por evidente interesse comercial, tornaram-se, involuntariamente, documentos de crítica da guerra. (...) As imagens da guerra não permitiam ufanismo, mesmo as de sua fase inicial. Vendo o inimigo prisioneiro, ou em pilhas de cadáveres, só se conseguia sentir pena. Longe de emularem os espíritos guerreiros, as fotos faziam desejar a paz.
A guerra do Paraguai estabeleceu a importância da utilização jornalística da fotografia de guerra, mesmo por intermédio de cópias, em litografias, dos originais, no Brasil, na Argentina e, num grau menor, no Uruguai. A imprensa ilustrada, a gravura e a pintura devem muito à fotografia do período, utilizada por quase todos os autores do período como referência.'

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